sábado, 18 de outubro de 2014

As más sortes pesam na garganta maculada, coração. Eu canto baixo, como quem murmura ou só move os lábios, porque sei que você ouve aos meus sussurros tanto quanto aos meus silêncios, gritos, amenidades, conversas a fio, ecos, rouquidão, voz, vez, sem fim. Porque sei que você alcança do mais belo ao mais ruído, à maior ruína. Faço-me entrega, te mostro os estragos. As canções, em mim, jamais serão intactas. Jamais foram, jamais serão. Eu nunca peço desculpas por ser tão quebrada, frágil, tão ameaça, ameaçante, ameaçada; mas é verdade que gostaria de ter te conhecido com menos sequelas espalhadas entre o som e o tom e a tênue sanidade.

- Cláudia Calado.

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